Na data de hoje, 12 de maio, em 1955, o Estado de São Paulo criou o primeiro grupamento policial feminino de toda a América Latina. Há 65 anos, o Decreto 24.548, assinado pelo então governador Jânio Quadros, instituiu na Guarda Civil paulista, o Corpo de Policiamento Especial Feminino. Garantir às mulheres o direito de exercer a atividade policial foi um verdadeiro marco na emancipação feminina e na luta pela igualdade de direitos, sem distinção de gênero.
No texto do decreto, encontramos trechos que apontam para o futuro de igualdade entre homens e mulheres, que ainda hoje lutamos diariamente para consolidar em nossa sociedade.
– “Considerando já estar reconhecida e proclamada, em definitivo, em nossos dias, a capacidade jurídica e intelectual da mulher de lutar, ao lado do homem, nos mais variados setores da atividade humana;”
As 13 mulheres policiais pioneiras do Estado de São Paulo tiveram que superar a desconfiança de setores da sociedade e piadas jocosas sobre o primeiro policiamento.
O primeiro objetivo das policiais femininas seria a atuação em casos envolvendo violência contra mulheres e crianças. Foi o primeiro passo para que as mulheres ocupassem postos de destaque nas forças de segurança de todo o Brasil.
Aos poucos, o exemplo paulista foi seguido pelos demais estados brasileiros, que passaram a permitir o ingresso de mulheres.
Em 1974, Ivanete Oliveira Velloso foi a primeira mulher aprovada em concurso da Polícia Civil de São Paulo e empossada para o cargo de delegada.
Ainda hoje, as forças de segurança são instituições predominantemente masculinas, mas cada vez mais as mulheres estão ocupando seu espaço tanto no combate à criminalidade nas ruas quanto nos postos de comando das polícias.
Para reforçar a presença feminina, criamos no ano passado o movimento “Mulheres na Segurança Pública”, com o objetivo de respeitar as especificidades das nossas atividades, como a gestação e a maternidade, e incentivar que mais mulheres ingressem nas policiais e ocupem cargos de comando nas instituições.
O machismo e o preconceito na polícia perdem espaço a cada dia, sempre que uma mulher policial mostra o seu valor e a sua capacidade de trabalho.
As dificuldades e os desafios da carreira policial ainda existem, atingindo tanto homens quanto mulheres.
Mas hoje, 12 de maio de 2020, vamos homenagear as 12 policiais e a sua comandante, que há 65 anos romperam a barreira do preconceito e com muita honra vestiram pela primeira vez o uniforme de policial no nosso país. Ou, como foram chamadas na época, “as 13 mais corajosas de 1955”.
Tania Prado, Presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e ex-coordenadora e fundadora do GPRED-SP, Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas da PF/SP
Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo
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